terça-feira, 11 de setembro de 2018

Política e religião se misturam e qual a interferência da religião na política? - Parte 1


Política e religião se misturam?
Qual a interferência da religião na política?
Resposta:
Não deveria, mas se misturam.
No Brasil Colonia, no Brasil parte do Reino Unido com Portugal e Algarves, no Brasil Imperial, na Primeira Republica ( 1889 – 1930),  na Segunda República ( 1930-1937), no Estado Novo, que alguns chamam de Terceira Republica (1937 – 1946), na  Quarta República , que alguns chamam de República Nova ou República de 46 ( 1946-1964) a influência do Clero da Igreja Católica Apostólica Romana foi muito grande, foi muito forte.
No Brasil Colonia os jesuítas, a Companhia de Jesus fundada por Inácio de Loyola, religioso espanhol nascido em Azpeitia, no País Basco, 31 de maio de 1491 e falecido em Roma, no Estado Pontifício Domínio de São Pedro, 31 de julho de 1556, tiveram grandes atuações.
A Companhia de Jesus  se tornou a principal força da Igreja Católica no processo da Contrarreforma, contra os Protestantes.
Os primeiros padres jesuítas chegaram com o Govenador Geral  Tomé de Sousa  em 1549, chefiados por Manuel da Nóbrega, e eram eles Leonardo Nunes, João de Azpilcueta Navarro, Vicente Rodrigues, Antonio Pires e o irmão Diogo Jácome, em São Salvador da Baia de todos os Santos, a atual Salvador, capital do Estado da Bahia.
Depois vieram  José de Anchieta, Antônio Vieira.
Devido ao prestigio que gozavam na Cristandade “em 1553, os jesuítas do Brasil passaram a ser organizados enquanto Província da Companhia, independente da Província Jesuítica de Portugal, foi a primeira província jesuítica a ser estabelecida no continente americano”.
Através dos Colégios, das Missões ou reduções - os aldeamentos ou povoados indígenas organizados e administrados pelos  jesuítas como parte de sua obra de cunho civilizador e evangelizador – dos grandes latifúndios denominados de Sesmarias doados por El-Rey de Portugal para nelas instalarem conventos com a obrigação de cultivá-las e povoá-las, os padres jesuítas tiveram grande influência no Período Colonial.
O conjunto de aldeamentos ou povoados mais famoso são os” Sete Povos das Missões” composta pelas Missões ou reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio, na Região do "Rio Grande de São Pedro", atual Rio Grande do Sul, fundadas pelos jesuítas espanhóis, que foram posteriormente expulsos do Brasil e se abrigaram no Uruguai.
Em Portugal sua força crescia ano a ano e com isso se imiscuíram na política do reino criando um verdadeiro Estado dentro do Estado português – um reino dentro do Império português que com suas ligações suas ligações internacionais eram um entrave ao fortalecimento do poder régio -  inclusive se envolvendo com uma rebelião contra Dom José I, pela Graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc,  através do padre Gabriel Malagrida, italiano de nascimento que havia andando pelo Brasil Colonia e que fez tantas e boas que  acabou desterrado para Setúbal, em Portugal, onde recebia “ muitas pessoas conservadoras, que o consideravam um homem sábio e santo, entre as quais membros da família Távora, um família das mais nobres e poderosas do reino com entroncamento nas Casas de Aveiro do Duque de Aveiro, Cadaval do Duque de Cadaval, São Vicente do Conde de São Vicente e de Alorna do Marquês de Alorna”.
A chefia da Casa de Távora cabia a Dona Leonor Tomásia de Távora, 3.ª Marquesa de Távora e 6.ª Condessa de São João da Pesqueira. casada com Francisco de Assis de Távora, 3.º Conde de Alvor.
Vamos o que disseram sobre Dona Leonor:
Quando o 3.º Conde de Alvor se tornou Vice-Rei das Índias, ela o acompanhou, pois era uma mulher “ movida pelo orgulho e pela ambição” e a posição de Vice- Rainha lhe era muito agradável.
De volta a Portugal manifestou grande interesse pela política do reino e se posicionou conta o Marques de Pombal.
Ligou-se aos jesuítas através do padre Gabriel Malagrida “não só o seu conselheiro espiritual, mas que influenciava toda as suas ações políticas”.
“Logo sua casa, o Palácio das Janelas Verdes, onde atualmente funciona o Museu Nacional de Arte Antiga, se tornou um foco de oposição contra o Marques de Pombal, que estava ciente disso”.
“Era um entra e sai de jesuítas e de nobres insatisfeitos com o governo que dava até gosto, e Marques de Pombal  , que estava ciente disso”.
“Instigadora regicídio contra  Dom José I, a Marquesa de Távora foi presa em sua casa, na noite de 13 de dezembro de 1758, e levada a ferros para o Palácio de Belém. No dia 12 de janeiro de 1759, sua sentença foi dada: ela seria decapitada, e todos os seus bens seriam confiscados pela Câmara Real e assim se deu.”
Uma curiosidade: A Imperatriz Dona Amélia,  viúva de Dom Pedro I, e sua filha, a Princesa do Brasil  Dona Maria Amélia Augusta Eugênia Josefina Luísa Teodolinda Heloísa Francisca Xavier de Paula Gabriela Rafaela Gonzaga, nascida em Paris, 1 de dezembro de 1831  e falecida em Funchal, 4 de fevereiro de 185, cognominada "A Princesa Flor", residiram no Palácio das Janelas Verdes.
Dom Jose I era um femeeiro e tinha como amante Teresa de Távora, uma das senhoras da Casa de Távora e ao sair de sua casa  na madrugada de 3 de setembro de 1758, a bordo de uma caleche conduzida por seus fiel escudeiro Pedro Teixeira, um fato que pouca gente sabia, mas que os Távoras tinham conhecimento, “ Sua Majestade foi emboscado por três homens à cavalo, sendo que um deles disparou a pistola bem de perto, quase que da janela do coche. Pedro escapou ileso, mas a bala rasgou o soberano. Sangrando, o rei foi conduzido a um cirurgião de confiança, mas não morreu, pois só veio a falecer inapto para governar devido à loucura desde 1774, em Sintra no dia  24 de fevereiro de 1777”.
Por trás do atentado estava a Mão Negra dos Jesuítas, porque o  Superior Geral da Companhia de Jesus é chamado de O Papa Negro, dado o seu poder e sua batina negra, muitas vezes com posições antagônicas com o Papa Branco, o Bispo de Roma, o líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana.
Naquela altura do atentado e da expulsão dos jesuítas de Portugal e domínios era o Papa Negro o padre jesuíta italiano  Lorenzo Ricci, décimo oitavo superior geral de 1758 a 1773.
Regicídio é o assassinato de um Soberano, portanto como Dom José I não morreu não o podemos considerar o atentado como tal, e sim como ficou historicamente conhecida o “Processo dos Távoras” de setembro de 1758.
Os Távoras e seus familiares – menos a amante real que foi conduzida para um Convento das Trinas do Rato, Lisboa, lá falecendo esquecida e na miséria - foram presos depois do atentado contra a vida de El-Rey e condenados à morte, porém, a Companhia de Jesus foi expulsa  de todo o Império Transcontinental Português em 3 de Setembro 1759 por decreto real concebido por  Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, então Secretário de Estado do Reino.
A Quinta da Boa Vista, cujo palácio agora pecou fogo, era “ nos séculos XVI e XVII uma fazenda dos Jesuítas, mas com a expulsão deles a propriedade foi passada a particulares como  ao comerciante português Elias Antônio Lopes que em 1803 construiu o casarão sobre uma colina, da qual se tinha uma boa vista da Baía de Guanabara – o que deu origem ao atual nome da Quinta da Boa Vista”.
Elias Antônio Lopes, um traficante de escravos, para conseguir boa reputação junto ao Príncipe Regente  Dom João, futuro Dom João VI, “ em 1808, deu a Quinta as Boa Vista ao príncipe recém chegado ao Brasil para que ele morasse nela em lugar de morar no insalubre Paço dos vice-reis, na atual praça XV.”  
Com Dom João além da rainha Dona Maria I, a Família Real, veio a grande maioria da Corte, mas bispos, padres, juízes, militares, advogados, serviçais, suas respectivas famílias, quase 15.000 pessoas” e assim o ranço da Religião e a influência dos padres vieram com toda força para a antiga Colonia /principado   do Brasil que acabou virando Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Com tudo os Patriarcas de Lisboa não vieram com a Corte para o Brasil, mas lutaram contra os franceses invasores e Dom Carlos I, nascido Dom Carlos da Cunha e Meneses, um filho do 4.º Senhor de Valdigem, 6.º Cardeal-Patriarca de Lisboa, se tornou Regente do Reino durante a permanecia de Dom João VI no Brasil a ocupando até 15 de setembro de 1820.
Era a Igreja Católica fazendo com que a Religião se misturasse com a política.
Em 3 de julho de 1821 Dom João VI  chegou em Lisboa de retorno do Brasil
O país estava dividido e a rainha Dona Carlota Joaquina e seu filho Dom Miguel chefiavam o partido opositor ao Grande Soberano Luso-brasileiro.
Dom João VI convoca Dom de Patrício I, nascido Patrício da Silva, 7. º  Patriarca de Lisboa, e o nomeia ministro e secretário do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, cargo que exerceu entre 14 de Maio de 1824 e 15 de Janeiro de 1825.
Era a Igreja Católica fazendo com que a Religião se misturasse com a política.
“Dom Francisco II, nascido Francisco Manuel Justiniano Saraiva, foi filho de Manuel José Saraiva e de sua mulher Leonor Maria Correia de Sá, ambos de Ponte de Lima, por pressão da Rainha Dona Maria II, filha de Dom Pedro I e de Dona Leopoldina do Brasil, irmã de Dom Pedro II, em 1840,  feito 8.º Patriarca de Lisboa, título em que foi confirmado em 3 de abril de 1843 pelo o Papa Gregório XVI elevou-o ao cardinalato (no vigésimo primeiro consistório do seu pontificado), sem que, contudo, jamais tivesse recebido pessoalmente o título e o barrete cardinalício”.
Era a política se misturando com a Religião.
Enquanto isso no Império do Brasil.



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